
Autor: Pablo Picasso (1881 – 1973)
Obra: Guernica (1937)
Local: Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Espanha)
Imagem disponível em http://escoladeteatrocatarse.files.wordpress.com/2007/12/guernica1.jpg
Obs.: Destaco que encontrei diversas imagens do quadro na internet, e enquanto algumas são estritamente monocromáticas, outras trazem cores como o azul e o amarelo, talvez em decorrência do equipamento usado para o registro, ou a iluminação. Resolvi usar a imagem acima, uma vez que o quadro foi pintado com preto, branco e tons de cinza, mas talvez ela não faça juz às características reais do quadro.
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Guernica foi por muito tempo minha pintura favorita. Não me lembro de quando o vi pela primeira vez, mas acredito que tenha sido aos 10 ou 11 anos de idade, provavelmente dentre as gravuras dos livros de arte que meu pai coleciona.
O quadro é interpretado tradicionalmente como uma manifestação de repúdio ao bombardeio da cidade espanhola de Guernica por parte de alemães e italianos, que apoiavam a causa nacionalista na Guerra Civil Espanhola, na década de 30.
Acho interessante perceber que se por um lado minha interpretação do quadro mudou ao longo do tempo, à medida em que meu conhecimento sobre o contexto de sua confecção se ampliava, a impressão mais primitiva que a obra me transmite, em contrapartida, me parece ter continuado sempre a mesma: a escolha das cores usadas no quadro (seu monocromatismo o destacava das demais pinturas que tinha visto até então nos livros do meu pai), as expressões de dor e desespero, corpos mutilados, todas essas informações se combinavam, se traduzindo, para mim, numa imagem de profundo horror, desamparo e impotência. O estilo cubista de Picasso também fortaleceu essa idéia de terror, uma vez que os rostos e corpos das personagens do quadro se apresentam transfigurados e deformados.
O elemento que mais prendeu minha atenção quando vi o quadro pela primeira vez é a representação de uma mulher que carrega nos braços uma criança desfalecida, e olha para os céus no que me parece uma demonstração de completo desespero e fúria: uma imagem muito forte aos olhos de uma criança de onze anos.
A associação do quadro com o contexto da Guerra Civil espanhola me foi sugerida muito cedo por meu pai, e dessa forma não me lembro de ver esse quadro sob outra perspectiva, mais neutra. Hoje, no entanto, a obra representa para mim muito mais do que o repúdio ao bombardeio de uma cidade, ou a militância política de um pintor; a tenho como um grande símbolo da luta contra a violência e os horrores de todas as guerras e como um retrato magistral da condição humana e nossa impotência perante as consequencias da busca inescrupulosa de alguns por poder.


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