Marlene, 1957
Brassaȉ (9 setembro de 1889 – 8 de julho de 1984) é um fotógrafo famoso por suas imagens noturnas de Paris, nas quais as luzes, a neblina e o chão molhado pela chuva são salientes na composição simétrica entre paisagem urbana e natureza.
Mas se Brassaȉ fotografava a Paris vazia, ele também registrava lugares intimistas, como o Café de Flore, famoso pelos frequentadores Sartre e Simone de Beauvoir, que foram eternizados no seu ambiente habitual pelas lentes do fotógrafo. Também é do café que ele fotografava a intimidade de muitos casais em beijos, flertes e namoricos, com imagens tecnicamente muito bem construídas em reflexos nos espelhos.
Dentre as diversas fases fotográficas de Brassaȉ, inclusive pelas formas rabiscadas em paredes, ou pelas séries de fatos cotidianos, como a morte, escolhi a imagem intitulada Marlene, 1957.
Está imagem chamou minha atenção porque ela é um registro cotidiano. É como se ela nos apresentasse duas emoções: a da modelo/atriz estampada na propaganda de rua, com uma lágrima no canto do olho, mas também a contemplação do ciclista, que supõe outra emoção. Assim, ao mesmo tempo, contemplamos duplamente ao observar Marlene e ao analisar a imagem que o ciclista vê. E assim, talvez, podemos enxergar um pouco como Brassaȉ fotografava: “no ordinary eyes”.
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